sexta-feira, 6 de junho de 2014

O que é um orgasmo cerebral

Olá meus fantasminhas!

Você está sentado em sua cama com seus pés dobrados embaixo do corpo em um anoitecer de outono, enquanto uma chuva pesada cai do lado de fora. Em um fone cancelador de ruídos, você escuta o som de uma mulher gentilmente assoprando dentro de seus ouvidos. Ela sussurra, intimamente exalando sua respiração enquanto alterna entre um lado e o outro, causando um arrepio que corre do topo da sua cabeça até as dobras da sua coluna.

Se a descrição acima causou uma sensação de familiaridade a você, então meus parabéns, você é um dos felizardos portadores da Resposta Sensória Meridiana Autônoma (ASMR, na sigla em inglês). O nome complicado se refere a uma sensação curiosa e formigante, conhecida em alguns cantos da internet como um orgasmo cerebral.


Da cabeça aos pés
Pessoas afetadas pelo ASMR costumam ter sensações distintas, o que torna sua descrição algo complicado. Em alguns casos, estímulos diversos podem causar reações de prazer físico intenso, enquanto para outros a resposta de seu organismo se resume a um quase hipnótico estado de relaxamento e felicidade – e há também quem simplesmente não sinta nada.

Ainda assim, uma das reações mais comuns parece envolver uma sensação de formigamento no interior e no topo da cabeça, que pode se estender para baixo pelo pescoço e até mesmo chegar aos braços e pernas. Os fanáticos pelo assunto afirmam que há uma distinção óbvia entre o ASMR e o frisson – como são chamados os arrepios e estalos que podem ser produzidos por uma excelente obra musical.

Embora sussurros sejam um dos principais gatilhos, qualquer coisa entre o som que uma caneta faz quando alguém desenha em um pedaço de papel e um discurso monótono e ritmado pode causar um episódio, variando de pessoa para pessoa. E não são apenas estímulos sonoros que podem fazer o arrepio surgir.


O que te deixa ligado?
Para algumas pessoas, a sensação de que alguém está se concentrando exclusivamente em você – como quando um oftalmologista examina seus olhos ou uma cabeleireira corta suas madeixas – também funciona. Ter alguém gentilmente traçando linhas nas suas costas ou acariciando seu cabelo é outra possível causa para a sensação familiar.

Mesmo com tantas possibilidades, existem também aqueles que simplesmente não sentem nada. Para saber se esse é o seu caso ou não, a única forma é testar por conta própria. Ainda que não exista um padrão que funcione para absolutamente todas as pessoas, há alguns temas que aparecem com certa recorrência nos relatos de quem já teve um episódio de ASMR:
  • Vozes suaves e calmantes;
  • Sussurros bem próximos a um microfone ou aos ouvidos;
  • Tons de voz equilibrados, controlados;
  • Sotaques estrangeiros no seu idioma nativo;
  • Ruídos feitos com a boca, como estalar os lábios;
  • Atenção pessoal exclusiva, como receber cortes de cabelo, maquiagem ou exames médicos;
  • Ver a realização de trabalhos manuais feitos com precisão;
  • Sons de batidas leves e repetitivas em materiais diversos;
  • Ruídos suaves de materiais raspando ou cliques sucessivos;
  • Manuseio cuidadoso de objetos preciosos;
  • “Barulhos brancos”, como zumbidos baixos ou som de chuva.

Enquanto determinado estímulo pode ser extremamente prazeroso para uma pessoa, o mesmo pode acabar cortando completamente a sensação para outra. Além disso, parece ser possível desenvolver imunidade ao ASMR, especialmente quando há excesso de exposição aos gatilhos. Para recuperar o efeito, é preciso se manter longe da prática por algum tempo.

Desbravando novos mares
Embora o fenômeno tenha um nome complicado, existem poucos estudos científicos sobre o assunto. O termo ASMR foi criado por Jenn Allen, uma moradora de Nova York, no EUA, que trabalha no setor de cuidado com a saúde. Ela fundou o Instituto de Pesquisa ASMR, uma organização não oficial que depende de voluntários para auxiliar na análise da neurociência e psicologia que tenta explicar a sensação.

Karissa Ann Burgess, estudante em um programa de PhD em psicologia clínica, faz parte do instituto e é responsável pela pesquisa experimental e a organização dos dados obtidos. Segundo ela, o grupo ainda deve começar trabalhos mais significativos em busca de respostas, mas há teorias de que hormônios como dopamina e serotonina estejam envolvidos – além da oxitocina, associada aos elos formados entre os seres humanos.


Veja você mesmo
Cientificamente comprovado ou não, o fato é que tem muita gente que sente e acredita nos “orgasmos cerebrais”. Já existe uma sólida e crescente comunidade de “ASMRístas” no YouTube e em outras páginas, produzindo uma enorme quantidade de material voltado especificamente para os gatilhos distintos de seus espectadores.

Alguns dos nomes mais famosos na área, como GentleWhispering, TheOneLillium e ASMRrequests, chegam a fazer esforços quase cômicos para criar a atmosfera mais apropriada para cada vídeo. Como a especialização e a demonstração de conhecimento podem ser gatilhos para o fenômeno, não é incomum encontrar gravações em que é fácil perceber que o publicador teve que realizar longas pesquisas e preparações.

Como os vídeos costumam facilmente passar da marca dos 40 minutos de duração, o tempo envolvido na sua produção fica evidente. Ainda assim, há casos recorrentes de criadores de gravações que simplesmente desaparecem do YouTube por conta de perseguição e de mensagens assustadoras de usuários.


Perseguição
Os motivos por trás do abuso são fáceis de entender, primeiramente porque, para quem não sente o ASMR, os vídeos podem prontamente parecer absolutamente ridículos. Imagine ser pego por aquele seu amigo troll enquanto assiste a uma gravação em que uma pessoa finge acariciar seu cabelo enquanto sussurra suavemente e você terá ideia de como o processo todo pode ser embaraçoso.

Além disso, como a noção de intimidade pode ser um gatilho bastante poderoso, alguns dos melhores produtores são garotas atraentes – e todos sabemos que expor seu rosto e desenvolver relacionamentos estranhos online baseados em uma falsa sensação de proximidade pode ser algo extremamente perigoso.


Fonte
Espero que tenham gostado
CarinaFilth

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