quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O esteriótipo da bruxa


Olá meus fantasminhas!

Conforme nossa amigo/amado Homero narra na Odisséia, Circe encantava os homens e logo depois os transformavas em porcos. Enquanto isso, Medéia fabricava filtros mágicos para as piores coisas possíveis, porque Jasão partiu seu coração.

Sendo assim, a magia está presente, e sempre esteve empregada culturalmente em todas as sociedades conhecidas, misturando religião e natureza. Porém, também é sabido que, comumente as práticas de magia são separadas em duas, como qualquer protocolo social, entre “bem e mal”.


Roma, Grécia e diversas outras culturas deram forma ao que hoje conhecemos como “EUROPA”. Lá, as práticas mágicas eram muito presentes, sendo exercidas quase em sua totalidade por mulheres, e realizadas em torno da lua e divindades pagãs, que eram símbolos de fertilidade. Todas essas práticas eram acentuadamente pagãs, e tinha a presença de animais com chifres, como bodes e cervos, por exemplo. O bode era uma homenagem a Dionísio, Deus do vinho no panteão Grego, e não ao satanismo propriamente dito como, erroneamente é referido hoje pelo cristianismo.

Foi na baixa Idade Média que a magia pagã foi atrela ao demônio pelos cristãos, e o "Príncipe das Trevas" foi transformado em ícone de adoração, e divindade máxima no sentido de culto, feitiçaria e bruxaria. Feitiçaria e bruxaria são duas coisas diferentes hoje. Em certas épocas, antes do século XIV, qualquer prática mágica era tida como prática mágica, no sentido literal. A partir do século XV, com a demonização da magia milenar pelos cristãos, houve uma ruptura no consenso de bruxaria e feitiçaria. Existem claramente várias interpretações sobre as diferenças entre bruxaria e feitiçaria, historiadores e eruditos viveram em discussão sobre isso, mas uma coisa é certa: Circe e Medéia eram feiticeiras, pois, de fato transformavam e criavam a partir da magia, segundo Homero. São feiticeiras porque não há um pacto com qualquer demônio e, as feiticeiras encarregam-se individualmente de criar suas poções mágicas para solucionar o problema dela. 


As bruxas da era moderna, especialmente as que foram queimadas pela igreja católica, se diferenciam das feiticeiras porque supostamente com elas há o pacto com o "Príncipe das Trevas", e uma conjunção ao "Mal Encarnado". E suas atividades sempre seriam de cunho maléfico. É claro que nem todas as mulheres queimadas pela inquisição faziam isso, muitas eram só curandeiras. Entretanto, existiam sim as moças que cultuavam o demoníaco.

A bruxa da imaginação das crianças é velha, feia, banguela, vesga, peluda no queixo, cabelos brancos e chapéu pontudo, quase como aquelas interpretações idiotas da Xuxa. Essa figura estereotipada da bruxa já vinha desde a Idade Média, de mulheres sozinhas, solitárias e/ou viúvas que eram acusadas nos processos inquisitoriais. E se fossem feias e velhas as suspeitas eram mais fortes ainda. Ou seja, quem criou esse medo todo nas crianças, foram os processos da inquisição católica. Foram os caçadores de bruxas que lhes desenharam ameaçadoras, as representando perto das brasas de seus caldeirões, matando crianças e animais pequenos, tendo como companhia um gato preto.


Apenas após o término da caça às bruxas, é que pudemos ter uma melhor noção das suas reais dimensões: muitas mulheres mortas, em nome de um Deus punitivo e ameaçador, e muitos inquisidores com os bolsos cheios do dinheiro que ganhavam por cada bruxa eliminada das pobres aldeias. Com estas mulheres, muita sabedoria e muito do conhecimento de cura pereceram. 

Nos dias atuais, não existem mais fogueiras e torturas físicas, mas resiste o sentimento de espanto quando alguém se diz bruxo ou bruxa. Por que disso? Nossa sociedade ainda carrega o esteriótipo da mulher má. que fez pacto com a maldade. As bruxas modernas não são "boazinhas", mas também não são "as malvadas". São pessoas comuns, que trabalham, pegam ônibus e pagam suas contas. Você deve ter uma ao seu lado agora. Já pensou nisso?

CarinaFilth

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